sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

É um caso de amor que começou quando, lá pelos idos de 1972, eu era apenas uma criança-feliz-na-Bahia que brincava de picula quando um dia, vovó, que era vizinha de Canô em Santo Amaro, me apresentou ao "compacto" com as gravações alucinadas de "Chuva, Suor e Cerveja" e "Atrás do Trio Elétrico", e nunca mais o mundo foi o mesmo! Pelo menos o meu. Só depois veio o extase JoaoGilbertiano de "Avarandado", mas aí é outra estória!

Entrar e sair de todas as estruturas resume a trajetória de Caetano. Quando acreditaram que ele só queria saber de banquinho e violão, sacou as guitarras. Quando imaginaram que música de protesto era a única saída num país sob ditadura, ficou “Odara”. Quando reconheceram que era chique, mandou “Um Tapinha Não Dói”. Quando queriam confinar o cantor à música, opinou sobre o Brasil. Quando todo mundo entendeu que ele era neguinha, engrossou a voz para dizer: “Eu sou homem/ pelo grosso no nariz”. Quando emendou discos elegantes com standards em espanhol e em inglês, logo quebrou tudo com uma banda de garotos. Quando Radiohead parecia moderno ao permitir que internautas decidissem o preço de In Rainbows, inventou o blog Obra em Progresso, em que os internautas acompanhavam e opinavam no disco Zii e Zie propriamente dito.

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