segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Onde os sequelados têm vez! RONALDINHO WINEHOUSE no mundo do SHOWBIZ.

O que têm em comum Ronaldinho Gaúcho e Amy Winehouse? Apresentados aos cariocas na mesma semana, ambos estão caindo pelas tabelas; cada performance é uma incógnita; seus públicos, apesar de diferentes — um entre o chique e o pós-rebelde; outro uma “nação” ensandecida —, são movidos não só pela qualidade intrínseca do trabalho de seus ídolos hoje, mas pelo marketing que trata de reabilitá-los e pilhar sua sobrevida. Os fãs de Amy aplaudiram a cantora e atacaram os caretas que não se ligaram na sua vibe. Os de Ronaldinho reverenciaram o novo imperador e as coxudas que bailavam no Coliseu da Gávea.
"Duas massas se reuniram na última semana no Brasil com objetivos distintos. Uma se distribuiu em cinco dias para declarar sua admiração por Amy Winehouse, aquela inglesa que conquistou o mundo em 2006 cantando que nunca iria para uma clínica de reabilitação e, certamente por essa recusa inicial, ficou um tempão sem se apresentar. Foram shows em Florianópolis, Rio, Recife e São Paulo, mas falou-se tanto do que ela fez (ou não fez) hospedada nos hotéis quanto do que ela não fez (ou fez) no palco.


A outra massa se concentrou em apenas um dia. Foram 20 mil torcedores do Flamengo ocupando o estádio da Gávea, no Rio, para saudar a chegada de Ronaldinho Gaúcho ao time. O jogador voltou ao Brasil logo após um ano ruim, em que, sim, se apresentou publicamente, mas não encantou nem foi convocado para a Copa do Mundo. Como todos os atletas de seu nível, foi disputado por equipes de todo o planeta, até pousar no Fla. Em ambos os casos, as massas foram parcialmente alimentadas pelo que esperam dos ídolos.

Amy é a cantora que contradiz o físico frágil e olhar perdido com uma voz excepcional.


Ronaldinho é o jogador dentuço e feio que faz com que qualquer torcida volte seu olhar para ele em campo.


Só que expectativas são mais geradas por imagens que por talento. Amy e Ronaldinho não encantavam ninguém há tempos. Mas os fãs — eu, inclusive — foram ao show tendo em mente uma imagem idealizada de como Amy se portaria no palco. Os de Ronaldinho (entre os quais me incluo mas, vade retro, sou vascaíno e não fui) levavam em mente a imagem projetada do futuro (ele vai repetir as atuações clássicas?) e a imagem da festa popular regada a cerveja e mulheres popozudas. Nesse sentido, o sonho se fez realidade.


Amy e Ronaldinho são irmãos nesse mundo de imagens. São filhos de um tempo em que o peito de fora dela na varanda do hotel ou a entrevista coletiva dele (para não dizer nada) são mais importantes do que o resto.

É o resto que nós queremos. É esse “resto” que deveria ficar para a História. "

André Miranda


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