quarta-feira, 14 de setembro de 2011

The Clinic: a inacreditável história da mais famosa e irreverente revista chilena.

Dizem por aí que bom jornalismo é coisa séria. E quanto mais investigativo, mais denso e carrancudo tem de ser o repórter. Tudo isso pode até ser verdade. Desde que você não trabalhe para a revista mais lida do Chile.
O satírico The Clinic é hoje a publicação semanal mais influente do país mais tradicionalista e conservador da América Latina. O negócio é redondo como um pote de ouro no fim do arco íris: dá dinheiro, tem prestígio, é influente e está recheado de mulher pelada. É pouco? Acrescenta aí: um enorme bar de três andares num dos bairros mais boêmios de Santiago leva o nome da revista e reúne todos os dias em suas mesas o que, sem maior cuidado, poderia ser chamada de a nata da mocidade local.
Para o padrão brasileiro, é como se o Pasquim renascesse e roubasse o lugar da Veja como a revista mais vendida do país – só que menos panfletária, mais leve, antenada. Toda semana, você veria nas bancas, na primeira página, alguma montagem grotesca de photoshop ironizando as figuras mais sisudas de Brasília. Dentro, haveria um ensaio fotográfico de alguma beldade capaz de revelar segredos de alcova de meia dúzia de figurões do mundinho empresarial. Tudo produzido por um bom time de repórteres investigativos. Junte-se a isso o bar de três andares, lembra dele? É uma espécie de bunker estiloso da boemia, erigido na esquina da Vila Madalena com os Arcos da Lapa. E, de uns anos para cá, rendendo rios de dinheiro.
"Pato", como é conhecido, instalou no meio desta zona nobre uma verdadeira metralhadora giratória. Camuflado entre as folhas que em junho caem como chuva em Santiago, ele e sua turma de 25 jornalistas miram e acertam entre os olhos das mais sólidas instituições chilenas: as Forças Armadas, o Partido Comunista, a Igreja, as igrejas, os fãs de Allende e de Pinochet, os mineiros soterrados em Atacama, as famílias de nome e sobrenome, os populistas e os adoradores de pobres de vitrine.
A revista nasceu em 1998, como um jornalzinho de quatro páginas distribuído de graça, sem publicidade. Era, na época, o material mais irreverente e depravado jamais editado em papel jornal na história do Chile.




Um comentário:

J. disse...

ja ouviu falar na revista Bundas, que circulava pelo Brasil lá pelos anos 2000 ?