quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Show!!

 
Após cinco anos longe dos palcos, o artista apresentou um repertório repleto de surpresas aos cerca de 9 mil espectadores presentes na estreia da turnê ‘Chico’, no início de novembro em Belo Horizonte. Além das dez músicas que compõem o novo CD, o compositor presenteia seus fãs com outras 18 faixas (e outras três no bis), em que transita por diversos momentos de sua carreira, do início dos anos 60 até hoje, ligadas entre si por afinidades musicais ou temáticas. A abertura do espetáculo fica por conta de duas canções diretamente relacionadas às incursões do compositor pela literatura. Enquanto ‘Velho Francisco’ (do álbum ‘Francisco’, de 1978) serviu de inspiração para o seu livro mais recente, ‘Leite Derramado’ – vencedor do Prêmio Jabuti em 2010 –, ‘De volta ao samba’ (‘Paratodos’, 1993) marcou o fim de outro longo jejum musical, quando ficou longe dos refletores por sete anos para se dedicar aos seus primeiros dois romances: ‘Estorvo’ (1991) e ‘Benjamin’ (1995).
Músicas que não eram apresentadas por Chico havia muito tempo também integram o novo show, como ‘Anos dourados’, ‘Desalento’, ‘Geni e o zepelim’, ‘Bastidores’ e ainda outras pouco conhecidas do público, como ‘Ana de Amsterdam’, composta para a peça ‘Calabar – o elogio da traição’ (1972), ‘Baioque’, do filme ‘Quando o carnaval chegar’ (1972), e ‘A Violeira’, também feita para a tela grande, parte da trilha de ‘Para viver um grande amor’ (1983).
Em determinado momento do espetáculo, o artista homenageia seu maestro soberano com uma releitura de ‘Tereza da Praia’, de Tom Jobim em parceria com Billy Blanco, cantada em dueto com o seu baterista Wilson das Neves. Não faltou espaço tampouco para músicas de discos mais recentes, casos de ‘Injuriado’, de ‘As cidades’ (1998), e ‘Choro Bandido’, de ‘Paratodos’ (1993), e para uma breve releitura de um de seus maiores clássicos, ‘Cálice’, cujos versos do refrão foram transpostos para os dias atuais pelo cantor paulistano Criolo. Na nova versão, Chico entoa “Afasta de mim a biqueira, pai /Afasta de mim as biate, pai / Afasta de mim a coqueine, pai / Pois na quebrada escorre sangue”.
Na parte central do show, o artista enfileira uma sequência de músicas românticas, que se inicia com ‘Essa pequena’, ‘Tipo um baião’, ‘Se eu soubesse’ e ‘Sem você 2’, todas do novo álbum, e termina com as clássicas ‘Bastidores’, ‘Todo o sentimento’, ‘O meu amor’ e ‘Teresinha’.
No bis, Chico volta ao início de sua trajetória musical com ‘Sonho de Carnaval’, faixa de seu álbum seminal ‘Chico Buarque de Hollanda’ (1966), antes de encerrar a apresentação, de 90 minutos, com a (já) clássica ‘Futuros Amantes’ (‘Paratodos’, 1993) e ‘Na Carreira’, escrita junto com Edu Lobo para o balé ‘O grande circo místico’ (1982).
Os músicos que acompanham Chico Buarque na turnê – a sexta que apresenta nos últimos 36 anos – são os mesmos dos últimos dois shows. O maestro e violonista Luiz Claudio Ramos, fiel parceiro de Chico há 39 anos, rege o time formado por João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros).
A equipe que age nos bastidores, por sua vez, é composta por Vinícius França (produção geral), Helio Eichbauer (direção de arte e cenários), Maneco Quinderé (iluminação), Cao Albuquerque (figurinos) e Ricardo ‘Tenente’ Clementino (direção técnica).
Ornamentado por três grandes reproduções sobre tecido (duas de 9m x 4,5m e uma de 6m x 4,5m) – um desenho de Oscar Niemeyer (A Mulher Nua) e duas pinturas de Cândido Portinari (O Bloco Carnavalesco e O Circo) –, além de uma escultura móvel de uma Fita de Möbius (objeto topológico muito utilizado em estudos matemáticos), o palco é iluminado por projeções que interagem com a cenografia e os músicos, que aparecem trajando figurinos inspirados nas cores das telas.

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